Outro dia enquanto estava
fazendo os exercícios na clínica de fisioterapia, ouvi uma conversa entre duas
mulheres que estavam na outra sala.
Conversavam sobre o fato
de terem ficado sem os respectivos maridos, não sei se por falecimento ou
separação, peguei a conversa pelo meio.
Falavam sobre as vantagens
da situação, como era melhor poder ir e vir sem ter que dar satisfação, fazer o
que quisessem, etc.
Lá pelas tantas, uma delas
disse: “e a tampa do vaso sempre levantada? Ah! como incomoda a tampa
levantada!”
Guardei essa frase como
síntese da conversa, e eu que não troco a companhia do meu marido por nada,
comecei a refletir.
Lembrei dos tantos e-mails
recebidos com queixas delas contra eles, e suas respectivas
revanches masculinas. Ambas nos fazem rir, mas no fundo trazem um quê de
revolta.
Será que damos o
verdadeiro valor àquela pessoa tão especial que Deus colocou ao nosso lado?
Que importância tem que a
tampa do vaso fique levantada, se o vaso (e o espelho, e as cortinas e até a
casa) ele
comprou na cor que eu gosto, mesmo que seja cor de rosa?
Que importância tem que eu tenha
que dizer: “querido vou dar um pulo na casa da minha amiga”, se quando me
demorar na conversa ele vai estar me esperando de carro na porta
da minha amiga?
Que importância tem se ele não
se lembra do dia em que nos conhecemos, ou da data do casamento, ou qualquer
outra data, se na hora que eu estiver triste ele vai estar do meu lado para
me consolar?
Que importância tem
qualquer uma daquelas milhares de reclamações repetidas até o cansaço, se quando
nós
dizemos uma piada, eles riem, quando nós estamos assustadas, eles
nos cercam com seus braços, quando nós estamos confusas, eles nos orientam?
Será que alguma vez passou
pelas nossas cabeças femininas que aquele homem que deixa a roupa espalhada
pelo chão, a lata de biscoitos aberta, e que não pára de cutucar o controle da
televisão, é capaz de fazer qualquer coisa para nos defender quando precisarmos,
mesmo arriscando a vida?
Está na hora de dar menos
importância a detalhes supérfluos e valorizar o que é realmente importante.
Lilia Diana - setembro 2011
Lilia Diana - setembro 2011