Valor Divino do Humano - Jesus Urteaga Lodi

Compreendi a frialdade dessas almas quando senti no meu íntimo aquele repto que refletiam os olhos dos pagãos: “Demonstrai-nos com vossas vidas que Cristo vive!”.Valor Divino do Humano - Jesus Urteaga Lodi

terça-feira, 29 de maio de 2012

O SACRIFÍCIO DE NOSSA SENHORA


Muito tem se falado sobre a virgindade de Nossa Senhora. A tradição nos fala de Maria ter oferecido sua virgindade a Deus desde moça. Muitos autores espirituais consideram que assim Nossa Senhora humildemente substraia-se à possibilidade de ser Mãe do Salvador, sacrificando-se ao renunciar a tão alta honra.

Eu considero que a situação é exatamente ao contrário. As promessas messiânicas falavam que “uma virgem dará a luz”. Maria não desconhecia as escrituras. Permanecendo virgem não renunciava, senão se doava a essa possibilidade. Com esta visão o sacrifício não desaparece, pelo contrário, se acentua.

Devemos considerar os fatos com a visão da época. Hoje em dia, uma mulher decidir não ter filhos é considerado apenas uma “opção de vida”, e se a mulher tem uma vida profissional muito ativa, fica até bem justificada aos olhos da nossa sociedade.

Na sociedade israelense daquela época era totalmente oposto: não ter filhos era um opróbrio, uma desonra. No primeiro Livro de Samuel, aparece Ana, esposa de Elcana, chorando seu desespero na escadaria do templo porque era atormentada pela outra esposa, Fenena, pois Ana era estéril, ao passo que sua rival tinha 2 filhos, (1 Samuel, 1). Isabel, mãe de São João Batista, ao ver-se grávida exclama: Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbrio dentre os homens. (São Lucas1, 25). A fertilidade era vista como um dom de Deus aos justos, e a esterilidade como um castigo ao pecador.

Maria, ao decidir permanecer virgem, sabia que seria desprezada, mal falada. O que se passou pelo coração dessa moça para tomar essa decisão?
Possivelmente veria com pena que todas as mulheres corriam ao matrimônio para não se arriscarem a serem improdutivas. Ninguém queria se “arriscar” a ficar virgem para “tal vez” Deus decidir fazer-la mãe do Messias.
Maria no seu imenso amor a Deus e sua perfeita disponibilidade aceita “correr o risco” e se entrega totalmente à vontade divina, sabendo que não tinha nenhuma garantia.

Possivelmente compartilhou com José sua decisão. Alguns autores acham que José ao saber da gravidez de Maria, percebeu que ela tinha sido escolhida como a mãe do Salvador, e não se achou digno de ter que exercer autoridade sobre o seu Deus (autoridade de pai sobre o filho) e decide afastar-se. Mas, como ele iria permitir que fosse difamada a mãe do seu Senhor? Por isso a sua atitude de deixar Maria “em segredo”, resolvia os dois problemas.

Maria e José, escolhidos desde o início dos tempos, e unidos pela Graça de Deus, foram os instrumentos perfeitos da nossa salvação. Assim como dizemos que Jesus veio a nós pelo "sim" de Maria, também podemos dizer que veio pelo "sim" de José.

Autora: Lilia Diana

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