Lendo
o Jornal A Tarde de domingo 15 de abril de 2012, me deparei com um artigo que
me fez pensar e refletir. Logo veio na minha mente uma historinha ilustrativa
que vou contar:
Tereza,
solteira, assalariada, ganhando salário mínimo, vive com sua mãe dona Maria,
aposentada, também ganhando salário mínimo, numa casinha alugada num bairro
pobre.
Certo
dia dona Maria adoece e é internada. Um mês depois, já medicada e passando
melhor, o médico chama Tereza e diz: “filha, tua mãe tem uma doença incurável,
tem apenas 9 meses de vida, não podemos fazer mais nada além de aliviar a dor.
Leva ela pra casa, dá estes remédios e fica cuidando dela”.
Tereza
responde: “Doutor, eu não posso ficar em casa cuidando da minha mãe e deixar de
trabalhar, nem nosso dinheiro dá para pagar uma pessoa para cuidar dela.
Doutor, por que não acaba com a vida dela agora? Por que não me garantir o direito de não
carregar por 9 meses um ser que não vai sobreviver?”
Parece
chocante e inumano, mas é esse o argumento [“...garantir às mulheres o direito de não carregar
na barriga por nove meses um feto que não vai sobreviver...”] enarbolado
pelo autor do artigo do jornal que demonstra desprezo e pré-conceito desde o
título: “Guerra santa e faniquitos
clericais”.
No
artigo onde quase a totalidade das palavras são pejorativas, o autor ataca os
grupos religiosos contrários ao aborto de anencefalos que lutaram semana
passada contra a lei que permite a morte desses inocentes, e olha que, ao
contrário da personagem da minha historinha, o nasciturno nem vai dar trabalho, nem a mãe vai ter que deixar de
trabalhar, nem precisar pagar alguém para cuidar...
Agora
eu pergunto:
Quem
mais vai defender esses coitados sem voz nem voto?
O Governo? Esses governantes que inventam mil impostos (tipo
CPMF) com a escusa de aparelhar hospitais, mas depois usam os recursos para
engordar contas particulares em paraísos fiscais?
NÃO, para o SUS sai mais barato pagar um aborto nos
primeiros meses de gravidez, do que sustentar um pré-natal e pagar um parto ou
cesárea...$$$$$
Os médicos? Esses profissionais que se supõe que estudaram para
salvar vidas, mas (não todos) na prática fazem distinção de atendimento entre
pacientes particulares e de plano de saúde, ou dormem nos plantões em que
deveriam estar alerta e atendendo?
NÃO, se eles tem tão pouco respeito pelo cliente que não
se importam de deixá-lo esperando horas a fio para ser atendido, vai se
importar por um QUASE cliente que
não vai frequentar seu consultório? (Obs.: eu também sou profissional liberal e,
se nos meus mais de 35 anos de serviço tivesse deixado meus clientes esperando
a metade do que eu espero nas salas de espera de médicos, teria perdido 90% dos
meus clientes antes mesmo de fazer o serviço.)
A sociedade viciada em novelas? Aquelas mentes moldadas dia a
dia paulatinamente durante anos a fio com idéias de individualismo,
egocentrismo, comodismo, superficialidade e principalmente contra-valores?
NÃO, esses seres pensam só em si mesmos; MEU
corpo, MINHA
vontade, MINHA
necessidade, MEUS
direitos, MEUS
gostos, MINHA
conveniência, os dos outros? Só se servem para MIM!! Se me dão algum tio de lucro
ou satisfação. Tadinhos dos anencéfalos que não vão dar lucro nem
satisfação!!! Ao lixo com eles! e o mais rápido possível para poder curtir uma
prainha com meu novo biquíni de griffe.
Restou mais alguém para
defendê-los? Só os religiosos e as
pessoas que ainda pensam e se preocupam com os direitos dos outros sem se
importar de serem rotulados de “moralistas”, “fanáticos”, etc.