“Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos
digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é
verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.”
(Jo 6, 53-55)
O anúncio da Eucaristia na
Sinagoga de Carfanaum é um dos textos dos Evangelhos mais difíceis de
compreender. Nós sabemos que “a carne e o sangue de Jesus” são a hóstia e o
vinho consagrados. Mas para os ouvintes de Cristo em Cafarnaum a carne era a
carne, e o sangue era o sangue, literalmente, já que o sacrifício do Calvário
ainda não tinha sido consumado e por isso não se conhecia ainda o que viria a
ser a Transubstanciação.
E Jesus sabia disso, então,
por que não deu uma explicação mais adequada? Por que deixou que as pessoas
pensassem em antropofagia e muitos discípulos se afastassem?
“A essas palavras, os judeus começaram a discutir,
dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?” (Jo 6, 52)
“Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram:
Isto é muito duro! Quem o pode admitir?” (Jo 6, 60)
“Desde então, muitos dos seus discípulos se
retiraram e já não andavam com ele.” (Jo
6, 66)
Jesus não retifica, não
muda nada:
“Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também
retirar-vos?" (Jo 6, 67)
Quem foi e quem ficou?
Quem ouviu as palavras do
Mestre “racionalizando”,
se escandalizou do antropofagismo, e não escutou mais nada, se afastou.
Quem ouviu com o espírito
de Fé,
ouviu o restante: “O espírito é que
vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.”
(Jo 6, 63)
É com a Fé e a confiança no
Mestre que Pedro responde:
“Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos
nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o
Santo de Deus!” (Jo 6, 68-69)
A chave é a Fé, foi esse o
detalhe que fez toda a diferença. Quem tinha Fé, pode não ter entendido
totalmente, mas acreditou
e ficou (os doze), mas quem não tinha Fé, só raciocínios, que nada
esclareceram, foi-se.
Sem Fé, não se pode seguir
Cristo, nem então, nem agora.
Fé foi o que Jesus cobrou
sempre antes de fazer um milagre, elogiou na mulher Cananéia, ensinou para a
Samaritana no poço de Jacó.
Aqueles ouvintes sem Fé,
não estavam aptos para o Reino dos Céus, por isso Jesus os deixa ir embora,
estão surdos para as verdades da Fé, não ouvem nem vão ouvir nada além dos seus
próprios raciocínios. Serão os que mais tarde o crucificarão.
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