Muitas vezes ouvi as pessoas dizer: "todo mundo..." para dar ar de verdade ao que estão falando ou fazendo. Para mim, "todo mundo" não é argumento, gosto de responder: "todo mundo crucificou Cristo".
Valor Divino do Humano - Jesus Urteaga Lodi
Compreendi a frialdade dessas almas quando senti no meu íntimo aquele repto que refletiam os olhos dos pagãos: “Demonstrai-nos com vossas vidas que Cristo vive!”.Valor Divino do Humano - Jesus Urteaga Lodi
sexta-feira, 27 de março de 2020
sábado, 14 de março de 2020
CARO LEITOR
Ela
soube de tudo, muito depois que a vaga lembrança da suavidade que se inclinava
sobre seu berço, quando pequenina, tinha se fixado como um halo na fotografia
daquela moça bonita que lhe ensinaram a chamar: Mamãe. Soube agora, no dia em
que fazia um trabalho sobre um tema atual que a apaixona. Quando, depois de
muito ler, escutar, teve certeza de que há gente demais, acarretando problemas
demais. Quando se identificou com uma terrível opção que lhe pareceu tão válida
que deveria ser permitida e até legalizada. Quando se prontificou a defender
seus pontos de vista num debate entre universitários, seus colegas.
Então,
quando terminou de bater à máquina, resolveu mostrar à tia o que escrevera,
gostava de ouvir seus elogios, seus comentários às vezes discordantes, mas
sempre carinhosos. Mas desta vez, ela começou a chorar.
-
O que é isso, titia? Não pensei que o que escrevi fosse tão emocionante!
A
tia, enxugando os olhos, respondeu:
-
É que você se parece tanto com sua mãe! Também sabia argumentar como você, mas
as razões dela eram tão diferentes! Dizia: “A vida é maravilhosa, é um dom de
Deus. Eu nasci, tive infância, juventude, conheço o que é uma flor, um sorriso,
um pássaro voando. Sei o que é querer bem, o que é ter saudades, sei o que é
sofrer e o que é uma alegria. Como é que vou impedir de viver uma criatura,
filha do meu amor? Tirar-lhe a oportunidade que eu tive?” E continuou,
baixinho, como se falasse consigo mesma: “foi por isso que não seguiu o
conselho dos médicos que a alertaram para o perigo que iria correr.”
A
mocinha emudeceu. Depois fez mil perguntas. Jamais percebera, pela delicadeza
do pai, da tia, dos parentes, que seu nascimento custara a saúde da mãe.
Releu
o que tinha escrito e rasgou. Agora tudo lhe parecia frio, falso. Mais tarde,
depois de muito refletir, de muito chorar, de muito pedir perdão ao Autor da
vida, recomeçou a escrever com estas palavras: “O aborto que mamãe não quis
fazer”.
Autor
M. S.
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