A justiça é a virtude cardeal que permite uma
convivência reta e límpida entre os homens. Sem esta virtude, a convivência
torna-se impossível; a sociedade, a família, a empresa deixam de ser humanas e
converte-se em lugares onde o homem atropela o homem. A justiça regula a
convivência da sociedade humana enquanto humana, quer dizer, enquanto baseada
no respeito aos direitos pessoais; é “princípio da existência e da coexistência
dos homens, como também das comunidades humanas, das sociedades e dos povos”.
Num dos seus aspectos, esta virtude diz respeito às
relações com os vizinhos, com os colegas, com os amigos e, em geral, com todas
as pessoas: regula as relações dos homens entre si, dando a cada um o que lhe é
devido. Sob outro aspecto, refere-se aos deveres da sociedade para com cada
indivíduo, naquilo que este deve receber dela. Por último, regula aquilo que
cada indivíduo concreto deve à comunidade a que pertence, ao todo de que faz
parte.
Numa sociedade, a justiça procede daqueles que a
compõem, são as pessoas que projetam na sociedade a sua justiça ou a sua
injustiça, sobretudo quando nela detêm maior responsabilidade. E isto é válido
na família, na empresa, na nação ou no conjunto de nações que compõem o mundo.
Se verdadeiramente queremos que a justiça impere numa sociedade – quer e trate
de uma aldeia ou de uma nação –, tornemos justos os homens que a compõem; que cada
um de nós comece por ser justo nesse tríplice plano: com aqueles com quem nos
relacionamos todos os dias, com aqueles que dependem de nós e, por último, com
a sociedade de que fazemos parte, dando-lhe o que devemos. A primeira obrigação
moral da justiça é, pois, que sejamos justos em todos os aspectos da nossa
vida.
A luta por uma maior justiça na sociedade é fruto
assim de uma série de decisões pessoais, que vão modelando a alma da pessoa que
pratica essa virtude. Com atos concretos de justiça, o homem passa a reger-se
com uma facilidade cada vez maior por “uma vontade constante e inalterável de
dar a cada um o que é seu”, pois é nisso que consiste a essência desta virtude.
Fragmento
do livro: FALAR COM DEUS - Volume 2, autor: Francisco Fernández Carvajal
Editora Quadrante
Nenhum comentário:
Postar um comentário